Remuneração médica e qualidade da assistência à saúde

uma revisão integrativa sobre o papel das formas de mensuração de desempenho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.v14.1185

Palavras-chave:

Planos de Pagamento por Serviço Prestado, Médicos, Desempenho Profissional, Qualidade da Assistência à Saúde, Remuneração

Resumo

Revisar o que a literatura apresenta sobre a relação entre remuneração médica e qualidade da assistência à saúde tentando elucidar as formas de mensuração de desempenho subjacentes a esta relação. Foi realizada uma revisão integrativa no portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). A estratégia de busca foi construída pelos polos: remuneração (fenômeno); médicos (população); e qualidade da assistência (contexto). Português, espanhol e inglês foram o limite de idioma. Dois revisores selecionaram as publicações via fluxograma PRISMA. A análise foi feita na modalidade narrativo-cronológica. 35 artigos foram incluídos. Dos artigos, extraiu-se: autores, ano, método, país, objetivo; e sintetizou-se: as principais conclusões, o tipo de remuneração médica, a forma de mensuração do desempenho e os indicadores de qualidade da assistência. Há 3 fases no desenvolvimento do tema: de 1994–2000 (comparação-transição nas formas de remuneração); de 2001–2010 (qualidade e conflito desempenho versus equidade) e de 2011–2020 (desempenho como modulador do comportamento médico). Conclui-se que o tema é escasso, com baixo nível de evidência científica disponível (nível 4 e 5). De acordo com os estudos na base de dados revisada, não é possível afirmar que o pagamento por desempenho melhora a qualidade dos cuidados por inúmeros fatores. Efeitos indesejáveis da remuneração por desempenho podem aumentar a inequidade ao longo do tempo. Sugere-se que estudos possam usar outras metodologias para verificar melhor se existe esta relação de causalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Flavia Maciel Porto, Universidade de São Paulo

Médica Infectologista. Especialista em Economia e Gestão em Saúde pela Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo.

Leonardo Carnut, Universidade Federal de São Paulo

Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde. Universidade Federal de São Paulo

Referências

Schraiber LB. No encontro da técnica com a ética: o exercício de julgar e decidir no cotidiano do trabalho em medicina. Interface (Botucatu). 1997;1(1):123-40. https://doi.org/10.1590/S1414-32831997000200009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-32831997000200009

Agência Nacional de Saúde Suplementar (BR). Guia para implementação de modelos de remuneração baseados em valor. Rio de Janeiro; 2019 [citado 17 jun 2022]. Disponível: https://www.ans.gov.br/images/Guia_-_Modelos_de_Remunera%C3%A7%C3%A3o_Baseados_em_Valor.pdf

Carnut L, Narvai PC. Avaliação de desempenho de sistemas de saúde e gerencialismo na gestão pública brasileira. Saude Soc. 2016;25(2):290-305. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144614. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144614

Carnut L, Mendes Á. Capital-estado na crise contemporânea: o gerencialismo na saúde pública. Argumentum (Vitória). 2018;10(2):108-21. http://10.18315/argumentum.v10i2.19528. DOI: https://doi.org/10.18315/argumentum.v10i2.19528

Carnut L, Narvai PC. A meta-summarization of qualitative findings about health systems performance evaluation models: conceptual problems and comparability limitations. Inquiry. 2020;57:1-19. https://doi.org/10.1177/0046958020962650. DOI: https://doi.org/10.1177/0046958020962650

Melo MV, Carnut, L, Mendes Á. Relação entre cumprimento das metas dos contratos de gestão e qualidade da atenção à saúde: uma revisão integrativa. Saude Debate. 2021;45(131):1140-64. https://doi.org/10.1590/0103-1104202113115. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104202113115

Ministério da Saúde (BR). III seminário internacional atenção primária saúde da família. Brasília, DF: MS; 2008.

Braga R.. A necessidade do ensino do profissionalismo. Rev Port Med Geral Fam. 2019;35(4):258-60. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i4.12638. DOI: https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i4.12638

Dal Poz MR. A crise da força de trabalho em saúde. Cad Saude Publica. 2013;29(10):1924-6. https://doi.org/10.1590/0102-311XPE011013. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311XPE011013

Maciel Filho R. Estratégias para a distribuição e fixação de médicos em sistemas nacionais de saúde: o caso brasileiro [tese]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2007 [citado 20 jun. 2018]. Disponível em: http://scf.cpqam.fiocruz.br/observarh/wp-content/uploads/2017/02/Tese_Romulo_Maciel.pdf

Abicalaff CL. Pagamento por performance, o desafio de avaliar o desempenho em saúde. São Paulo: Editora DOC; 2017.

Capilheira S, Santos IS. Doenças crônicas não transmissíveis: desempenho no cuidado médico em atenção primária à saúde no sul do Brasil. Cad. Saude Publica. 2011;27(6):1143-53. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000600011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000600011

Carrilho AR, Conceição C, Martinez de Oliveira, J. Desempenho em obstetrícia e ginecologia: reunião para um consenso. Acta Obstet Ginecol Port. 2007;1(1):42-5.

Silva VAA, Barbosa ACQ, Rocha TAH. Desempenho dos médicos na saúde da família: uma análise a partir dos princípios ordenadores em um município brasileiro. Rev Adm Publica. 2015;49(5):1237-62. https://doi.org/10.1590/0034-7612140407. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7612140407

Cabral AS. Avaliação de desempenho utilizando métodos estatísticos: um estudo de caso na área da saúde [dissertação] Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2017.

Soares CB, Hoga LAK, Peduzzi M, Sangaleti C, Yonekura T, Silva DRAD. Revisão integrativa: conceitos e métodos utilizados na enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(2):335-45. https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400002000020. DOI: https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400002000020

Feldmen R, Hillson SD, Wingert TD. Measuring the dimensions of physician work. Med Care. 1994;32(9):943-57. https://doi.org/10.1097/00005650-199409000-00005. DOI: https://doi.org/10.1097/00005650-199409000-00005

Lever NA, Stephan SH, Axelrod J, Weist MD. Fee-for-service revenue for school mental health through a partnership with an outpatient mental health center. J Sch Health. 2004;73(3):91-4. https://doi.org/10.1111/j.1746-1561.2004.tb04210.x. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1746-1561.2004.tb04210.x

Andreoli SP, Brewer ED, Watkins S, Fivush B, Powe N, Shevcheck J, et al. American Society of pediatric nephrology position paper on linking reimbursement to quality of care. J Am Soc Nephrol. 2005;16(8):2263-9. https://doi.org/10.1681/ASN.2005020186. DOI: https://doi.org/10.1681/ASN.2005020186

Baerlocher MO, Noble J, Detsky AS. Impact of physician income source on productivity. Clin Invest Med. 2007;30(1):42-3. https://doi.org/10.25011/cim.v30i1.448. DOI: https://doi.org/10.25011/cim.v30i1.448

Shomaker TS. Commentary: health care payment reform and academic medicine: threat or opportunity?. Acad Med. 2010;85(5):756-8. https://doi.org/10.1097/ACM.0b013e3181d0fdfb. DOI: https://doi.org/10.1097/ACM.0b013e3181d0fdfb

McGuire TG. Payment reform to finance a medical home: comment on “Achieving cost control, care coordination, and quality improvement through incremental payment system reform”. J Ambul Care Manage. 2010;33(1):35-7; discussion 69-70. https://doi.org/10.1097/JAC.0b013e3181c9fb54. DOI: https://doi.org/10.1097/JAC.0b013e3181c9fb54

Allard M, Jelovac I, Léger PT. Treatment and referral decisions under different physician payment mechanism. J Health Econ. 2011;30(5):880-93. https://doi.org/10.1016/j.jhealeco.2011.05.016. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhealeco.2011.05.016

Joynt KE, Orav EJ, Jha AK. Association between hospital conversions to for-profit status and clinical and economical outcomes. JAMA. 2014;312(16):1644-52. https://doi.org/10.1001/jama.2014.13336. DOI: https://doi.org/10.1001/jama.2014.13336

Foote SM. Chronic care improvement in Medicare FFS: cosmetic or transforming?. Res Agenda Brief. 2004;(13):1-13.

Waters TM, Webster JA, Stevens LA, Li T, Kaplan CM, Graetz I, et al. Community oncology medical homes: physician-driven change to improve patient care and reduce costs. J Oncol Pract. 2015;11(6):462-7. https://doi.org/10.1200/JOP.2015.005256. DOI: https://doi.org/10.1200/JOP.2015.005256

Selby K, Edwards S. Time-based billing: what primary care in United States can learn from Switzerland. JAMA Intern Med. 2016;176(7):881-2. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2016.2230. DOI: https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2016.2230

Murphy WS, Cheng T, Lin B, Terry D, Murphy SB. Higher volume surgeons have lower Medicare payments, readmissions and mortality after THA. Clin Orthop Relat Res. 2019;477(2):334-41. https://doi.org/10.1097/CORR.0000000000000370. DOI: https://doi.org/10.1097/CORR.0000000000000370

Winegar AL, Moxham J, Erlinger TP, Bozic KJ. Value-based healthcare: measuring what matters-engaging surgeons to make measures meaningful and improve clinical practice. Clin Orthop Relat Res. 2018;476(9):1704-6. https://doi.org/10.1097/CORR.0000000000000406. DOI: https://doi.org/10.1097/CORR.0000000000000406

Nijagal MA, Shah NT, Levin-Scherz J. Both patients and maternity care providers can benefit from payment reform: four steps to prepare. Am J Obstet Gynecol. 2018;218(4):411.e1-6. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2018.01.014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajog.2018.01.014

Lee-Feldstein A, Feldstein PJ, Buchmuller T, Katterhagen G. Breast cancer outcomes among older women: HMO, fee-for-service, and delivery system comparisons. J Gen Intern Med. 2001;16(3):189-99. https://doi.org/10.1111/j.1525-1497.2001.91112.x. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1525-1497.2001.91112.x

Wells KB. Cost containment and mental health outcomes: experiences from US studies. Br J Psychiatry Suppl. 1995;(27):43-51. DOI: https://doi.org/10.1192/S0007125000293392

Ogrod ES. Compensation and quality: a physician’s view. Health Aff (Millwood). 1997;16(3):82-6. https://doi.org/10.1377/hlthaff.16.3.82. DOI: https://doi.org/10.1377/hlthaff.16.3.82

Landon BE, Wilson IB, Cleary PD. A conceptual model of the effects of health care organizations on the quality medical care. JAMA. 1998;279(17):1377-82. https://doi.org/10.1001/jama.279.17.1377. DOI: https://doi.org/10.1001/jama.279.17.1377

Tillinghast SJ. Competition through physician-managed care: the case for capitated multispecialty group practices. Int J Qual Health Care. 1998;10(5):427-34. https://doi.org/10.1093/intqhc/10.5.427. DOI: https://doi.org/10.1093/intqhc/10.5.427

Norton EC, Lindrooth RC, Dickey B. Cost-shifting in managed care. Ment Health Serv Res. 1999;1(3):185-96. https://doi.org/10.1023/a:1022377930099. DOI: https://doi.org/10.1023/A:1022377930099

Lantus J. RVUs blues: how should docs get paid?. Hastings Cent Rep. 2003;33(3):37-45. DOI: https://doi.org/10.2307/3528436

Gray BH. Individual incentives to fix organizational problems?. Med Care Res Rev. 2004;61(Suppl 3):76S-9S. https://doi.org/10.1177/1077558704267506. DOI: https://doi.org/10.1177/1077558704267506

Shen J, Andersen R, Brook R, Kominski G, Albert PS, Wenger N. The effects of payment method on clinical decision-making: physician responses to clinical scenarios. Med Care. 2004;42(3):297-302. https://doi.org/10.1097/01.mlr.0000114918.50088.1c. DOI: https://doi.org/10.1097/01.mlr.0000114918.50088.1c

Swayne LC. Pay for performance: pay more or pay less?. J Am Coll Radiol. 2005;2(9):777-81. https://doi.org/10.1016/j.jacr.2005.02.020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jacr.2005.02.020

Mandel KE, Kotagal UR. Pay for performance alone cannot drive quality. Arch Pediatr Adolesc Med. 2007; 161(7):650-5. https://doi.org/10.1001/archpedi.161.7.650. DOI: https://doi.org/10.1001/archpedi.161.7.650

Greene SE, Nash DB. Pay for performance: an overview of literature. Am J Med Qual. 2009;24(2):140-63. https://doi.org/10.1177/1062860608326517. DOI: https://doi.org/10.1177/1062860608326517

Thorpe CT, Flood GE, Kraft SA, Everett CM, Smith MA. Effect of patient selection method on provider group performance estimates. Med Care. 2011;49(8);780-5. https://doi.org/10.1097/MLR.0b013e31821b3604. DOI: https://doi.org/10.1097/MLR.0b013e31821b3604

Mantel JL. Accontable care organizations: can we have our cake and eat it too?. Seton Hall Law Rev. 2012;42(4):1393-442.

Marton J, Yelowitz A, Talbert JC. A tale of two cities?: The heterogeneous impact of Medicaid managed care. J Health Econ. 2014;36:47-68. https://doi.org/10.1016/j.jhealeco.2014.03.001. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhealeco.2014.03.001

Wilensky GR. Developing a viable alternative to Medicare’s physician payment strategy. Health Aff (Millwood). 2014; 33(1):153-60. https://doi.org/10.1377/hlthaff.2013.1086. DOI: https://doi.org/10.1377/hlthaff.2013.1086

Kelleher KJ, Cooper J, Deans K, Carr P, Brilli RJ, Aleen, S et al. Cost saving and quality of care in a pediatric accountable care organization. Pediatrics. 2015;135(3):e582-9. https://doi.org/10.1542/peds.2014-2725. DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2014-2725

Heller RE 3rd. An analysis of quality measures in diagnostic radiology with suggestions for future advancement. J Am Coll Radiol. 2016;13(10):1182-7. https://doi.org/10.1016/j.jacr.2016.05.024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jacr.2016.05.024

Tsai TC, Greaves F, Zheng J, Orav EJ, Zinner MJ, Jha AK. Better patient care at high-quality hospitals may save Medicare money and bolster episode-based payment models. Health Aff (Millwood). 2016;35(9):1681-9. https://doi.org/10.1377/hlthaff.2016.0361. DOI: https://doi.org/10.1377/hlthaff.2016.0361

Woodward CA, Hutchinson B, Norman GR, Brown JA, Abelson J. What factors influence primary care physicians’ charges for their services?: an exploratory study using standardized patients. CMAJ. 1998;158(2):197-202.

Roland M, Dudley RA. How financial and reputational incentives can be used to improve medical care. Health Serv Res. 2015;50(Suppl 2):2090-115. https://doi.org/10.1111/1475-6773.12419. DOI: https://doi.org/10.1111/1475-6773.12419

Averill RF, Goldfield NI, Vertrees JC, McCullough EC, Fuller RL, Eisenhandler J. Achieving cost control, care coordination, and quality improvement through incremental payment system reform. J Ambul Care Manage. 2010;33(1):2-23. https://doi.org/10.1097/JAC.0b013e3181c9f437. DOI: https://doi.org/10.1097/JAC.0b013e3181c9f437

Stoicov C. Economia comportamental nas políticas públicas [dissertação]. [São Paulo]: Fundação Getúlio Vargas; 2014.

Carnut L, Rodrigues CIS. Análise crítica da interface bioética, saúde e trabalho. Rev Bioet. 2020;28(2):219-28. https://doi.org/10.1590/1983-80422020282383. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-80422020282383

Souza MT, Silva MD, Carvalho K. Revisão integrativa: o que é e como fazer?. Einstein (Sao Paulo). 2010;8(1):102-6. https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134. DOI: https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134

Pereira AL, Bachion MM. Atualidades em revisão sistemática de literatura, critérios de força e grau de recomendação de evidência. Rev Gaucha Enferm. 2006;27(4):491-8.

Downloads

Publicado

04-08-2022

Como Citar

1.
Porto FM, Carnut L. Remuneração médica e qualidade da assistência à saúde: uma revisão integrativa sobre o papel das formas de mensuração de desempenho. J Manag Prim Health Care [Internet]. 4º de agosto de 2022 [citado 21º de novembro de 2024];14:e004. Disponível em: https://jmphc.com.br/jmphc/article/view/1185

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 > >> 

Artigos Semelhantes

<< < 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.